sexta-feira, 11 de julho de 2014

Os 35 anos do pai da música portátil

Maria Eduarda Amorim

“Pensar que a gente tinha que carregar isso aí e mais um monte de fitas cassete pra ouvir as músicas que queria e hoje em dia cabe tudo nesse aparelhinho”. Foi o que o meu pai me disse ao encontrar o walkman de quando era adolescente e o comparar o aparelho ao meu pequenino iPod Shuffle.


O que pra ele era um objeto obsoleto e cheio de boas lembranças, pra mim era uma relíquia. Me encheu de contentamento colocar uma das fitas dentro daquela caixinha vermelha, rebobinar (alguém ainda usa essa palavra?), dar play e descobrir que ele ainda funciona.

O walkman foi a primeira invenção que permitiu que se ouvisse música em qualquer lugar, necessitando apenas de um par de pilhas e um fone de ouvido. Antes disso, só existiam as vitrolas e os rádios, aqueles pesadões difíceis de transportar. Por isso, o walkman foi um sucesso global ao transformar a música em algo portátil.

A ideia de simplificar o hábito de ouvir música surgiu da vontade do co-presidente da Sony, Akio Morita, de ouvir ópera durante seu trabalho sem precisar carregar vários discos. Assim, o engenheiro Nobutoshi Kihara desenvolveu o primeiro modelo do tocador de músicas portátil. Neste mês, o saudoso walkman completa 35 anos de existência.

“Memória que todo mundo tem do walkman, certamente, é de rebobinar as fitas ou passar pra frente com uma caneta Bic, tamanho certinho para enfiar em um dos orifícios da fita K7 e rodá-la para economizar pilha. Bateria não tinha, e como era moleque e duro, era assim que se fazia.”, conta o jornalista Luiz Cesar Pimentel, autor do livro “Você Tem que Ouvir Isso!”.

Nasci em 1993, então conheci o aparelho quando ele já era moda no mundo, mas não cheguei a usá-lo. Eu tinha só um radinho, onde colocava minhas fitas do Sandy&Junior pra tocar. Quando cheguei na idade de querer ouvir música o tempo todo, o walkman já estava obsoleto - o CD havia tomado o lugar das fitas, com maior capacidade, durabilidade e clareza sonora. Então meus pais me presentearam com o discman. Sua função era a mesma do walkman, mas em vez de fitas, ele reproduzia CDs.

Minha relação com o discman foi a de melhores amigos e, com ele, eu podia ouvir minhas músicas preferidas sempre que quisesse. Mas, por sua vez, esse aparelho teve sua produção interrompida nos anos 2000 com crescimento do mp3, um dos primeiros tipos de compressão de áudio com perdas sonoras quase imperceptíveis ao ouvido humano.




Esse formato se popularizou e tornou a música ainda mais portátil, já que permitia que um dispositivo pequeno, como os reprodutores mp3, armazenasse uma grande quantidade de faixas. Hoje em dia, é mais do que comum vermos pessoas com seus fones, reclusas em um mundo particular, andando por aí ao som de seus artistas preferidos.

É engraçado pensar que a “geração mp3” mal sabe o que foi uma fita cassete ou um walkman. Mas a verdade é que esse dispositivo revolucionou a maneira como ouvimos música e ampliou a relação de dependência e carinho que temos com ela.

Luiz Cesar diz que até hoje essa relação de viver com música permanece. “Troquei, aliás, o walkman pelo discman, e esse pelo MP3. Me condicionei a praticar atividades com música, principalmente físicas”.
Para mim, por mais que aquele walkman vermelho do meu pai não tenha mais muita utilidade, é gostoso colocar as velhas fitas pra tocar e imaginar o quanto ele se divertiu com aquilo. É como me disse o Luiz Cesar, “no final, os 3 (walkman, discman e MP3) tornam a música portátil. E isso é lindo!”

Para finalizar, veja esse vídeo de como as crianças reagem ao walkman: 

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